segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

As aboboreiras de Deus

"Então disse Deus a Jonas: é acaso razoável que assim te enfades por causa da aboboreira? E ele disse: é justo que me enfade a aponto de desejar a morte." Jn 4:9 


Às vezes é necessário que Deus faça crescer algumas "aboboreiras" em nossa vida para nos ensinar na prática aquilo que nossas convicções e até legalismos não permitem que entendamos. Por vezes nos é difícil compreender com propriedade a escassez do outro quando nossas necessidades estão supridas. Como é difícil entender a apatia na vida espiritual de alguns quando a nossa está em ebulição, quando estamos íntimos do Senhor. Como é fácil nos levantarmos com diagnósticos e soluções para a situação. E nos tornamos promotores quando nossa constatação parece ser desconsiderada pelo outro que não muda de postura e insiste em permanecer inerte espiritualmente. Passamos a ser promotores destes e advogados de Deus.Questionamos:como é possível que alguém que prova do favor do Senhor demonstre tanta ingratidão sendo incapaz de honrá-lo com uma vida de adoração? E do alto de nossa estabilidade espiritual passamos a desejar do Senhor uma postura corretiva que ensine ao outro que a Deus não se serve de qualquer forma. E quando nossa petição parece não ser atendida, nos indignamos com o fato de Deus demorar-se em corrigir. Aí surge a necessidade de uma "aboboreira". Assim como a de Jonas, ela surge para nos lembrar que nossa justiça não passa de trapos de imundícia e que a compassividade, a graça do Senhor por nós não é para ser compreendida e sim provada, vivida. Então os dias passam e aquela nossa ebulição vai diminuindo sem que se possa compreender, já não há tanto ânimo, nem fervor. E agora sentindo a mesma debilidade do outro passamos a clamar não pelas ações de correção, mas pela compassividade, graça e misericórdia de Deus que não deixa o pavio fumegante se apagar, nem tão pouco a cana trilhada quebrar. Então entendemos o quanto o reerguer requer de nós, e o quanto necessitamos da misericórdia renovada sobre nossa vida a cada manhã. Compreendido isto, podemos então começar a ouvir o soprar de um novo vento que nos faz recobrar o ânimo, que sopra as brasas. Sentimos o cheiro das águas que trazem o renovo de Deus. Jonas precisou sentir a perda de uma árvore que em nada contribuiu para que existisse, para que compreendesse o desejo do Senhor de salvar a um povo que havia criado e amava. Assim Deus faz, as suas "aboboreiras" nos são necessárias, nos fazem crescer.